O ministro disse que não pretende deixar o cargo no
governo de Jair Bolsonaro e descartou ter cometido ilegalidade

O ministro da Justiça, Sergio Moro, afirmou, em
entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que não atuou em conluio com a
força-tarefa da Lava Jato nas mensagens trocadas com o procurador Deltan
Dallagnol.
O site The Intercept Brasil publicou no último domingo
(9) conversas privadas no aplicativo Telegram, que, segundo a publicação,
mostram troca de colaborações entre Moro e Deltan durante as investigações.
O ministro disse na entrevista, publicada nesta sexta
(14), que não pretende deixar o cargo no governo de Jair Bolsonaro e descartou
ter cometido ilegalidade. "Eu me afastaria se houvesse uma situação que
levasse à conclusão de que tenha havido um comportamento impróprio da minha
parte", declarou.
"Sempre pautei o meu trabalho pela legalidade. Os
meus diálogos e as minhas conversas com os procuradores, com advogados, com
policiais, sempre caminharam no âmbito da licitude. Não tem nada ali, fora
sensacionalismo barato", disse.
"Quanto à natureza das minhas comunicações, estou
absolutamente tranquilo", afirmou. "Nunca houve esse tipo de conluio.
Tanto assim, que muitas diligências requeridas pelo Ministério Público foram
indeferidas, várias prisões preventivas", ressaltou o ministro. "Se
quiserem publicar tudo antes, publiquem, não tem problema."
Segundo reportagem do The Intercept Brasil, Moro sugeriu
ao MPF (Ministério Público Federal) trocar a ordem de fases da Lava Jato,
cobrou a realização de novas operações, deu conselhos e pistas e antecipou ao
menos uma decisão judicial.
Moro afirmou que o repasse de informações de juiz ao
Ministério Público é legal. "Isso está previsto expressamente no Código de
Processo Penal, artigo 40, e também no artigo 7 da Lei de Ação Civil Pública
diz que 'quando o juiz tiver conhecimento de fatos que podem constituir crime
ou improbidade administrativa ele comunica o Ministério Público'. Basicamente é
isso, eu recebi e repassei. Porque eu não posso fazer essa investigação",
disse o ministro.
"As pessoas ouviam histórias verdadeiras, plausíveis
e, às vezes, histórias fantasiosas. E, muitas vezes, em vez de levar ao
Ministério Público, levavam a mim. O que a gente fazia? A gente mandava para o
Ministério Público. Mandava normalmente pelos meios formais, mas, às vezes,
existia uma situação da dinâmica ali do dia, naquela correria, e enviava por
mensagem", acrescentou.
"Sei que tem outros países que têm práticas mais
restritas, mas a tradição jurídica brasileira não impede o contato pessoal e
essas conversas entre juízes, advogados, delegados e procuradores",
declarou ao jornal.
As mensagens mostram, segundo o The Intercept Brasil, que
Moro sugeriu ações relacionadas às operações policiais da Lava Jato. Na
entrevista, ele minimizou essa prática. "Um vez deferida uma diligência,
50 buscas e apreensões e 50 prisões de pessoas, existem questões de logística
que vão ser discutidas com a polícia e com o Ministério Público. Precisamos
saber exatamente quando vai acontecer, em que momento vai acontecer e tem que
ter um planejamento", disse.
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