Lula também disse que deseja voltar a ser presidente
O ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro
(PSL) em entrevista gravada na quarta (12) e transmitida na quinta (13) pela
emissora TVT. Juca Kfouri, blogueiro do Uol, e o jornalista José Trajano
falaram com o petista na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde
ele está preso desde abril do ano passado.
Lula disse que, como resultado de sua ausência nas duas
últimas eleições, "o país pariu essa coisa chamada Bolsonaro".
Ele também questionou o ataque a faca que vitimou o então
candidato à Presidência em Juiz de Fora (MG). Após o episódio, Bolsonaro passou
por duas cirurgias.
"Eu, sinceramente...aquela facada tem uma coisa
muito estranha, uma facada que não aparece sangue, que o cara é protegido pelos
seguranças do Bolsonaro".
Confrontado por Juca Kfouri sobre os eleitores que se
sentiram traídos pelo PT, Lula disse que havia outros candidatos para as
pessoas exercerem "vingança".

Lula diz que vazamento põe em dúvida facada em Bolsonaro
"Alguém que se sentiu traído pelo PT não poderia ter
votado no Bolsonaro. Se o cara se sentiu traído, poderia ter votado em coisa
melhor, o Boulos foi candidato, o Ciro, embora não mereça porque é muito
grosseiro, foi candidato", disse.
Parafraseando o escritor moçambicano Mia Couto, Lula
disse que a sociedade, com medo, se aproximou do "monstro para pegar
proteção" e elegeu o que classificou como "o pior dos coronéis".
Ele mencionou que o pesselista tem filhos no Senado, na Câmara de Deputados e
na Câmara Municipal do Rio.
"Ele [Bolsonaro] conseguiu se vender para a
sociedade enraivecida como antissistema. E a tendência é não dar certo",
disse, criticando a gestão de Bolsonaro.
Lula também diz que deseja voltar a ser presidente para
"rever e refazer coisas que eu não tinha consciência de que era preciso
fazer" e defendeu mais concorrência entre os meios de comunicação.
"Esse país não pode ter os meios dominados por nove
famílias. É preciso regular. A última regulação é de 1962, quando não se tinha
nem telefone celular."
Mensagens de Moro vazadas Sobre as publicações de
conversas vazadas entre o ex-juiz federal Sergio Moro, agora ministro a
Justiça, e o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da
força-tarefa da Lava Jato, Lula disse que trouxeram "a verdade à sociedade
brasileira", mas que não arriscaria dizer que consequências terão as
revelações. As mensagens foram divulgadas pelo site The Intercept Brasil, que
afirma tê-las recebido de fonte anônima.
"Estou ficando feliz com o fato de que o país
finalmente vai conhecer a verdade", disse, ressaltando que sempre disse
que "Moro é mentiroso" e estava "condenado a condená-lo"
porque "a mentira tinha ido muito longe". Disse ainda que o
procurador Deltan deveria ter sido preso ao dizer que não tinha provas, mas tinha
convicção. "Ele deveria ter sido preso ali." Essa frase, contudo, não
foi proferida pelo procurador da forma como foi divulgado na internet e nas
redes sociais.
"Pode pegar a turma da força-tarefa, o Moro, enfiar
num liquidificador, e quando for tomar o suco, não dá a honestidade do
Lula", disse.
Lula disse que as apurações contra a corrupção devem
continuar, e políticos e empresários corruptos têm de ser presos com base em
mecanismos e leis que, segundo ele, foram criadas pelo PT. E voltou a dizer que
não sujaria a mão por um apartamento que ele poderia comprar, se referindo ao
caso do tríplex de Guarujá (SP), que o colocou na prisão em abril do ano
passado.
"Já falei que vou casar" Sobre sua situação,
preso pela Lava Jato, Lula disse não se considerar "ferrado", mas sim
"acabrunhado", porque gostaria de estar em liberdade. "Ver o meu
Corinthians jogar, ver a minha família. Eu já falei pra todo mundo que, quando
eu sair daqui, eu vou casar", disse.
Disse, no entanto, estar consciente de que existem milhões
de brasileiros em pior situação que a dele, que está preso. "Vi [pela
televisão] pessoas invadindo caminhão de lixo para catar comida para comer. E
nós tínhamos acabado com a fome", disse.
Com informações do 'UOL' e 'Folha de S.Paulo'
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