O Aliança pelo Brasil ainda não está oficialmente criado,
mas a Executiva Nacional e os deputados federais, que anseiam pela migração à
futura legenda, começam, passo a passo, a traçar as estratégias para dar
musculatura política às eleições municipais de 2020. O martelo ainda não foi
batido pelo presidente Jair Bolsonaro, mas a ideia de é ter candidaturas nas
capitais. Caso não seja possível, o apoio a candidatos de outros partidos não
está descartado. Paralelamente, parlamentares se mobilizam para viabilizar
postulantes próximos e confiáveis em municípios do interior, embora reconheçam
as dificuldades.


A intenção do Aliança é de usar a popularidade de Bolsonaro
para emplacar candidatos fortes e evitar que municípios com grandes orçamentos,
sobretudo as capitais, “caiam nas mãos” de candidatos de partidos da oposição.
“Será importante esse pragmatismo para termos prefeitos chave para combater o
Foro de São Paulo em todos os grandes municípios”, destacou o deputado federal
Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP), que migrará, quando possível,
para o Aliança.
O plano do Aliança nos municípios é impulsionar candidatos
por mandatos de deputados federais nos respectivos estados, por meio da
associação da imagem dos parlamentares, que viabilizarão o consentimento dos
nomes junto à Executiva Nacional. A estratégia, contudo, já se mostra
desafiadora em meio à necessidade de emplacar pessoas de confiança. Zambelli
reclama que, desde a convenção de fundação do futuro partido, na quinta-feira,
várias pessoas começaram a se aproximar a fim de vincular candidatura a ela.
De quinta-feira para ontem, o número de “aproveitadores”
aumentou. “Estou tendo que lidar com um monte de casos de gente que, por
exemplo, aproveitou o fato de ter feito um vídeo comigo na cerimônia, falando
nas redes sociais que vai comandar o Aliança em algum município. Eu tô meio
bronqueada com o excesso de pessoas na briga de poder para chegar ao partido.
Isso me deixou meio cabreira em apoiar alguém no próximo ano. É ruim uma coisa
nascer já desse jeito”, criticou.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) que, futuramente, deve
ser confirmado como o presidente do diretório paulista do Aliança, também tem
freado o ímpeto dos mais empolgados. “Muita gente anda tentando puxar para si,
principalmente diretórios municipais, dizendo: ah, eu já sou do Aliança, já
comecei, mas não é nada assim, não. Está tudo em aberto”, avisou. Por esse
motivo, o deputado federal Sanderson (PSL-RS) prevê um lançamento tímido de
candidaturas. “Se tivermos 50, já será muita coisa. Tendo algo concreto, o
partido estando criado, vamos lançar, mas com muita cautela”, ponderou.
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Estratégias
As estratégias para as eleições nas capitais ainda são
incipientes, mas em duas delas as conversas estão mais maduras. Em São Paulo, a
expectativa é lançar o jornalista José Luiz Datena. Luiz Philippe e Zambelli
aparecem como plano B. Em Curitiba, a ideia é lançar o jornalista e advogado
Ogier Buchi, nome de confiança do deputado Filipe Barros (PSL-PR). “Se o
presidente autorizar a candidatura do Aliança em Curitiba, ele é alguém de
conduta ilibada e histórico de ativismo ao presidente, e reconhecido pela
população. É uma das pessoas que eu levaria para o presidente Bolsonaro”,
destacou o parlamentar.
A possibilidade de Barros ser candidato a prefeito em
Londrina é uma situação que o deputado não descarta, embora garanta que é uma
decisão que ficará a cargo de Bolsonaro. “Eu sou soldado do presidente. Se ele
quiser que eu seja candidato, serei. Se ele quiser que eu permaneça em
Brasília, que assim seja. Não tenho apego a cargo, não dependo da política e já
era advogado antes de ser vereador”, ponderou. O deputado estadual Washington
Lee Abe (PSL) também pode sair candidato no interior paranaense apoiado por
ele, à prefeitura de Cascavel.
Caso o partido não
esteja criado até março de 2020, Barros avalia a possibilidade de buscar
acordos com legendas que tenham afinidade programática para sugerir e tentar
emplacar seus candidatos, com a expectativa de que migre para o Aliança
futuramente. “A conversa, inclusive, tem que ser essa. Disputaria eleição por
outro partido, uma vez que não tenha sido criado e, a partir do momento que
for, essas pessoas migrariam para o Aliança. Claro que entra a questão
jurídica, prefeitos poderiam sair a qualquer momento, mas vereadores teriam que
esperar a janela partidária”, disse.
A capital carioca é um dos municípios para o qual o Aliança
pode apoiar uma candidatura de outro partido. Na opinião do deputado Márcio
Labre (PSL-RJ), a tendência é apoiar a reeleição do prefeito Marcelo Crivella
(Republicanos). “Seria até um gesto de fidelidade dado pelo Republicanos na
esfera federal, estadual e municipal. Trabalhamos em sintonia em algumas
pautas”, avaliou. Pessoalmente, o parlamentar vai trabalhar para tentar emplacar
oito candidaturas, na noroeste fluminense e na Baixada, como em Mesquita, onde
pretende lançar a coordenadora de seu gabinete no estado, Dra. Thaianna
Barbosa.
Motivo da cisão dentro do PSL, a capilarização do Aliança no
país será algo muito debatido entre parlamentares e a Executiva Nacional, a fim
de evitar conflitos por espaços em prefeituras. Somente no Rio, são oito
deputados federais. “Ainda não tivemos problemas, mas vai ter. Farei de tudo
para buscar harmonia e aliviar a tensão, em busca de uma divisão justa para que
cada um tenha seu espaço”, ponderou Labre. Já Barros mantém contato com a
deputada Aline Sleutjes (PSL-PR) e pondera que, em última instância, a anuência
venha do diretório nacional. “Precisamos de estratégia macro, a fim de ser um
partido orgânico, não fisiológico”, justificou
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